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(pixabay - imagem de domínio público) |
Ao voltar da caça, com uma veadinha nos dentes, a onça encontrou sua toca vazia. Desesperada, esgoelou-se em urros de encher de espanto a floresta. Uma anta veio indagar do que havia.
- Mataram-me as filhas! - gemeu a onça. Infames caçadores cometeram o maior dos crimes: mataram-me as filhas...
Diz a anta:
- Não vejo motivo para tamanho barulho... Fizeram-te uma vez o que fazes todos os dias. Não andas sempre a comer os filhos dos outros? Inda agora não mataste a filha da veada?
A onça arregalou os olhos, como que espantada da estupidez da anta.
- Ó grosseira criatura! Queres então comparar os filhos dos outros com os meus? E equiparar a minha dor à dor dos outros?
Um macaco, que do alto do seu galho assistia à cena, meteu o bedelho na conversa.
- Amiga onça, é sempre assim: Pimenta na boca dos outros não arde...
(Monteiro Lobato - IN: "Fábulas", 1986.)
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