Sabe aqueles dias, em que você se sente tão insatisfeito,
desanimado e vazio, que a única coisa que poderia preenchê-lo e renová-lo, de
verdade, seria fugir pra algum lugar paradisíaco? Aí, você começa a imaginar-se
naquela praia, num dia superensolarado, de céu azul e tomando aquela água de
coco ou, então, em meio à mata, rodeado de muito verde, ouvindo os galhos das
árvores balançando e sentindo um frescor delicioso... Até que pá! Você acorda e
volta para a realidade, mas como se tivesse levado um tapa na cara.
Pois é. A gente tem a mania de criar um apego por algo que
está mais distante, além de enfeitar tudo, achando que quanto mais fru-fru e
babado as coisas tiverem, maior será a sensação de satisfação e prazer. E então
desejamos viajar, porque, somente assim, será possível relaxar; ansiamos ir a
um restaurante bem chique, porque, apenas desse jeito, provaremos do melhor
prato de nossas vidas; almejamos ir a um show de uma banda que está bombando,
porque, desse modo, poderemos postar nas redes sociais, além de soltar a voz e
pular loucamente, sem vergonha alguma... E vamos construindo cenários
imaginários que poderiam ser a
solução de tudo e, claro, alcançar a tão cobiçada felicidade.
No entanto, é crucial compreender que não é o lugar e nem o
evento que importa, mas a sensação captada e desfrutada naquele momento. Certa
vez, ouvi a profissional de desenvolvimento pessoal, Flavia Melissa, dizer que
não importa se você idealizou sair com o seu parceiro pra jantar num
restaurante bem requintado e, ao invés disso, vocês foram comer uma pizza num barzinho
e foi tudo maravilhoso! Porque, o que realmente vale é a sensação daquele
momento, de prazer, de realização, de leveza.
Realmente, viajar é fabuloso, não estou questionando isso, mas
será que é o único jeito de relaxar e repor as energias? Restaurantes chiques
são incríveis, mas é só dessa forma que você poderá saborear algo sensacional? Ir
a shows é libertador, mas é apenas nessa ocasião em que você poderá soltar a
voz e dançar? Estar em contato com a natureza é revigorante, mas é preciso ir
para muito longe para obter tal benefício? Entende?!
Quando foi a última vez que você saiu para caminhar no
parque e deixou-se hipnotizar pelo canto dos pássaros e pelo balançar das
folhas? Quando foi a última vez que você parou pra apreciar o pôr do sol e
admirar as cores que se formam no céu? Quando foi a última vez que você
saboreou cada garfada dada, sentindo os ingredientes e as diferentes texturas?
Quando foi a última vez que você se banhou, sentindo a água cair pelo corpo, a
espuma na pele e o cheiro perfumado desse banho? Quando foi a última vez que
você viveu o momento presente?
Sabe, não há problema algum em sonhar e idealizar, aliás,
isso é ótimo, desde que isso seja o primeiro passo para correr atrás do que está
sendo almejado, mas deixar de viver o agora por não saber desfrutar do que está
ali à disposição e que também o fará muito feliz, aí sim é uma perda de foco e um
desperdício de tempo. Por isso, permita-se sentir mais!
Apegue-se à sensação, porque é isso que alimenta a nossa
alma, de verdade. São as boas sensações que nos dão mais paz e gás. Não é um
lugar longínquo, nem algo cheio de pompa que interessa, mas sim o que sentimos.
Se andar pelo quarteirão no final da tarde lhe faz bem, traz boas sensações,
então caminhe. Se o faz feliz ficar de pijama em frente da televisão, então
fique. Se cantar bem alto for algo libertador a você, então solte o gogó...
De novo: o que vale é o sentir. Então acolha e abrace a
sensação, e apegue-se a ela, porque é o que realmente importa. Curta mais o
momento. Saboreie mais o seu agora. E seja feliz...
Um forte e fraterno abraço...
(Karen Igari)
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Foto tirada no Parque da Luz, em 01/2014. |