Crédito das fotos: Karen R. Igari

Crédito das fotos: Karen R. Igari

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

"O amor não obedece à razão"

Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu. Você deu flores que ela deixou a seco. Você levou para conhecer a sua mãe e ela foi de blusa transparente. Então? Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é viciante e você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome. Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai ligar e não liga. Ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro e é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado, e, ainda assim, você não consegue despachá-lo. Por que você ama este cara? Não pergunte pra mim. Você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Com um currículo desses, criatura, por que diabo está sem um amor: Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados. Não funciona assim. Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário, os honestos, os simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta. O amor não obedece à razão. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Amar não requer conhecimento prévio.

(In: "Ame e dê Vexame")


Foto tirada em Abadiânia
Foto tirada em Abadiânia, em 05/2014.



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